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HIPOTIROIDISMO CANINO

O que é o hipotiroidismo canino?

A tiroide é uma glândula, em forma de uma pequena borboleta, situada na base do pescoço na região da traqueia, que é responsável pela produção das hormonas T3 e T4. Essas hormonas são essenciais para diversos processos metabólicos celulares, incluindo a regulação de calor, no metabolismo dos lípidos, proteínas e carboidratos, no desenvolvimento fetal, na contração do músculo cardíaco e na regulação de outras hormonas. A glândula tiroide é controlada pelo hipotálamo e pela hipófise, localizados no cérebro, sendo que a hipófise secreta a hormona estimulante da tiroide (TSH) por influência do hipotálamo.

O hipotiroidismo é umas das patologias endócrinas mais frequentes nos cães (0.8%), sendo raro nos gatos. É uma doença endócrina, que provoca a produção insuficiente das hormonas tiroidianas (T3 e T4) circulantes.

O hipotiroidismo pode ser classificado quanto à sua origem:

  • Primário (95%): quando existe destruição do tecido glandular da tiroide devido a tumores ou doenças autoimunes (tiroidite linfocítica, atrofia folicular idiopática).
  • Secundário ou terciário: resultante de uma falha na estimulação da glândula tiroide pela hormona TSH que é produzida pela hipófise, ou alterações na própria hipófise ou no hipotálamo.
  • Iatrogénico: ocorre após a remoção cirúrgica da tiroide ou como efeito colateral de certos medicamentos, tóxicos, alérgenos, radioterapia, entre outros fatores.

Existe ainda o Síndrome do eutiroideu doente, que ocorre quando o animal tem outra doença e, a glândula tiroide pode, por vezes, diminuir a produção hormonal de T3 e T4. Esta redução deve-se à adaptação fisiológica do organismo, para reduzir o metabolismo celular durante o período de doença.

Como a tiroide desempenha um papel importante em vários processos metabólicos, os sintomas do hipotiroidismo podem variar. A doença não tem uma predisposição sexual específica, mas é mais comum em cães de porte médio ou grande e geralmente ocorre em cães de meia-idade, entre 4 e 10 anos. Algumas raças têm uma maior predisposição para o hipotiroidismo, incluindo Golden Retriever, Doberman, Dogue Alemão, Beagle, Cocker Spaniel e Teckel.

É importante destacar que o hipotiroidismo não é uma doença transmitida entre animais, mas existe a possibilidade de uma malformação genética na tiroide ser transmitida de pais para filhos.

Quais são os sinais clínicos do hipotiroidismo canino?

Os sinais clínicos do hipotiroidismo canino podem variar, mas alguns sintomas comuns incluem:

  • Letargia, fraqueza muscular, intolerância ao exercício;
  • Aumento de peso sem aparente aumento de apetite ou alteração na dieta;
  • Pele seca ou oleosa, caspa e pelo seco, quebradiço e baço;
  • Otites e infeções de pele recorrentes;
  • Alopecia, escurecimento da pele, especialmente no tronco, flancos e cauda (cauda de rato);
  • Diminuição da temperatura corporal e intolerância ao frio, o animal procura sítios mais quentes para se deitar;
  • Anomalias cardiovasculares e diminuição dos batimentos cardíacos;
  • Podem surgir problemas reprodutivos (infertilidade) e oftalmológicos;
  • Alterações comportamentais e neurológicas como depressão, ansiedade, agressividade, convulsões;
  • Espessamento cutâneo das pregas da pele do focinho o que confere uma expressão facial triste (mixedema);
  • Claudicação ligeira, evoluindo depois para parésia ou tetraparésia na maior parte dos cães.

Como é feito o diagnóstico do hipotiroidismo canino?

Apesar de o hipotiroidismo ser uma doença endócrina bastante comum em cães, pode ser um desafio realizar o diagnóstico, uma vez que, existe uma grande variedade de sinais clínicos e limitações das provas de diagnóstico, especialmente em pacientes com outras doenças associadas ou que estão a ser medicados com anti convulsionantes, AINES, sulfamidas e glucocorticoides, pois estes podem igualmente diminuir as concentrações de T4.

Para realizar o diagnóstico, é necessário iniciar com um exame físico detalhado e obter a história clínica completa do animal, especialmente no que diz respeito a alterações na pele e comportamentais. Se houver suspeita de hipotiroidismo canino, é necessário realizar análises sanguíneas.

O diagnóstico do hipotiroidismo canino é baseado na combinação de sinais clínicos, história médica do animal e testes laboratoriais. A medição sanguínea de T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), e da hormona produzida pela hipófise (TSH), analises sanguíneas gerais para descartar a presença de outras patologias e avaliar a condição física do animal. Uma ecografia à tiroide, o teste de estimulação com TSH (é o mais preciso para diagnosticar o hipotiroidismo

canino), biopsia e radiografia são tudo exames que podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico.

Qual é o tratamento para o hipotiroidismo canino?

O tratamento padrão para o hipotiroidismo canino envolve a administração diária da hormona tiroideia sintética (Levotiroxina) para toda a vida, para repor os valores de T3 e T4.

Esta medicação é doseada tendo em conta o peso do animal (0,02mg/Kg PO BID), e deve ser controlada inicialmente a cada 4 a 8 semanas, e se o nível de T3 e T4 estiverem normais o controlo vai sendo espaçado a um máximo de 1 vez por ano.

Como é feita a monitorização do hipotiroidismo canino?

A eficácia da terapêutica instituída deverá ser testada 4 a 8 semanas após o seu início. O valor da concentração de T4 deverá estar dentro dos limites padrão num momento que preceda a administração da dose diária, e deverá atingir o seu máximo 4 a 6 horas após a administração.

As concentrações de T4 devem ser medidas de 4-8 semanas durante os primeiros 6-8 meses de tratamento, uma vez que o metabolismo da T4 altera-se à medida que o estado metabólico do indivíduo normaliza. As análises de seguimento devem ser realizadas bianualmente a partir desse ponto, a não ser que ocorra modificação da marca do produto, e nessa situação devem ser feitas as considerações necessárias como se do início do tratamento se tratasse.

Se o seu animal tiver com alguns destes sintomas, não hesite em contactarnos.