O que é a Leishmaniose Canina?
A Leishmaniose canina é uma doença causada por um protozoário (parasita microscópio) Leishmania infantum e afeta cães em todo o mundo, incluindo Portugal. A Leishmania infantum é transmitida por vetores conhecidos como flebótomos, que são pequenos insetos pertencentes à família Phlebotomidae, também conhecidos como mosquito-palha.
A Leishmaniose é uma zoonose, quer isto dizer que, pode ser transmitida ao Homem apesar desta ser rara e acontecer acidentalmente. Os gatos também eles podem desenvolver a doença.
Entre as raças com maior predisposição para desenvolver a doença estão, o Pastor Alemão, o Boxer, Doberman e Cocker Spaniel.
Como se transmite a Leishmaniose canina?
A transmissão da Leishmania infantum, o parasita causador da doença, ocorre através da picada de flebótomos infetados. Esses flebótomos estão presentes em áreas com clima quente e húmido, sendo mais comuns durante os meses mais quentes do ano. De ressalvar que a transmissão precisa sempre do vetor – flebótomo e como tal não ocorre de cão para cão ou de cão para o Homem.
Em Portugal, as regiões mais afetadas pela Leishmaniose canina são geralmente as regiões sul e centro do país, onde as condições climáticas são mais favoráveis para a sobrevivência dos flebótomos e a propagação da doença. São elas grande parte das Beiras, Ribatejo e Alentejo, a região metropolitana de Lisboa, a Península de Setúbal, o Algarve e a exceção é Trás-os-Montes e Alto Douro. No entanto, é importante ressaltar que a Leishmaniose canina pode ocorrer em outras áreas do país, embora com menor frequência. A atividade dos flebótomos começa no inicio do calor, normalmente por meados de abril e estende-se até setembro. Nos anos mais quentes pode iniciar-se em março e estender-se até novembro. O período do dia onde ocorre maior atividade dos flebótomos é ao entardecer e estende-se até ao amanhecer.
A média de Leishmaniose em Portugal em cães corresponde a 6%, ou seja, por cada 100 cães 6 estão infetados, podendo chegar a 17% em alguns distritos.
Quais são os sinais clínicos mais frequentes?
Após entrar no sistema circulatório o parasita multiplica-se e espalha-se por diferentes órgãos, como a pele, o baço, o fígado, os rins e a medula óssea. Como tal, os sinais clínicos podem ser bastantes variáveis podendo envolver qualquer órgão ou tecido não desencadeando sinais clínicos específicos. As lesões cutâneas/tegumentares constituem as manifestações clínicas mais frequentemente observadas, sendo elas:
- Alopécica periovular (falta de pelo em torno dos olhos).
- Dermatite furfurácea (caracterizada pela descamação da pele).
- Onicogrifose (crescimento anómalo das unhas).
A perda de peso, a apatia, a perda de apetite, o aumento dos gânglios linfáticos, a epistaxe (hemorragia proveniente da fossa nasal), as doenças renais e articulares são também outros dos sinais clínicos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da Leishmaniose canina é realizado por meio de exames laboratoriais, como a análise de sangue para detetar a presença de anticorpos contra a Leishmania ou para identificar o parasita em amostras de tecido (biopsia). Também podem ser realizados exames complementares, como análises bioquímicas de sangue e urina, radiografias e ecografias para avaliar os danos causados pelos parasitas.
A fisiopatologia da doença envolve uma resposta imunológica desregulada, na qual o sistema imunológico do cão não consegue eliminar completamente o parasita. Isso leva a danos teciduais, inflamação crónica e disfunção de vários órgãos.
Em que consiste o tratamento?
O tratamento da Leishmaniose canina é complexo e requer a supervisão de um médico veterinário. Geralmente, são utilizados medicamentos antiparasitários específicos para combater a infeção, bem como medicamentos para aliviar os sintomas e controlar as complicações. O tratamento é prolongado e pode durar meses. Quando se fala de Leishmaniose canina, prevenir é definitivamente o melhor remédio.
Como é feita a prevenção?
A prevenção da infeção por Leishmaniose canina é essencial, especialmente em áreas endémicas. Isso inclui o uso de repelentes de insetos, como as coleiras ou as pipetas específicas para evitar as picadas dos flebótomos, a manutenção de ambientes limpos e livres de restos orgânicos que atraiam flebótomos e a vacinação periódica.
Além disso, é recomendado evitar exposição dos cães ao ar livre durante os períodos de maior atividade dos vetores, que geralmente ocorrem ao amanhecer e ao entardecer.
É fundamental que os cães sejam submetidos a exames regulares de diagnóstico, mesmo na ausência de sintomas, especialmente se vivem em áreas endémicas ou viajam para zonas endémicas. O diagnóstico precoce da Leishmaniose canina é importante para iniciar o tratamento o mais cedo possível e minimizar os danos causados pela doença.